Quando triste se trancava no quarto e se punha a escrever. Nem pensava muito. As palavras comandavam seus dedos. E ela gostava disso. Alguém a entendia. Certa vez a disseram que toda criatura viva, morre sozinha. Susto. Correu pra se esconder em seu refúgio. E chorou. Não queria ficar só. Seu caderno entre os braços ela abraçava fortemente. Ficou em paz. O abriu e leu tranquilamente: ali era seu mundo. Ela podia tudo. Voar, tomar sorvete invés de sopa na hora do jantar. O passarinho falou: estou grávido do mar. E pariu um rio. Ela riu. Sabia que aquilo era verdade.
Gostava de acordar cedo. Não para ver o sol nascer e sim para ver as nuvens. Elas estavam brancas, depois o céu esbranquiçava e as nuvens ficavam cinzas. O céu avermelhava. As nuvens rosavam. O céu ficava azul, e as nuvens brancas. E lá se ia o espetáculo com a espectadora fiel. Ela acreditava que assim era o ser humano, mudava de formas mas sempre ficava a essência. A evolução era vida.
Dizem que no leito de sua morte estava toda a família ao seu redor. Ela na cama inerte com a doença que a consumia. " Me deixem levantar..." Arrastando-se foi até o quintal onde ficava observando o céu. Se despediu, fechou os olhos, colocou a mão na barriga: estava grávida de uma flor. Ao redor do seu túmulo, nasceu um jardim.
5 comentários:
esse texto me lembra um conto de clarice, que ela deseja possuir o mar e morrer com ele.
adorei (:
Bruna!!!!
Ótimo o texto, eu não sei se vc já participou, mas do jeito que vc escreve pode se dá bem nos concursos. Bem, mas de qualquer forma já é um privilégio poder ler o que vc escreve por aqui.
Beijão
"por isso fazia / seu grão de poesia / e achava bonita / a palavra escrita"..
ela gostava das palavras,
eu palavro "bruninha"..
hehe!!
= )
éé tuuu bru :)
Bruna tá muito lindo mesmo!
adorei, tem uma leveza muito grande e eu gosto tanto disso.
parabéns. :*
Postar um comentário