quinta-feira, 27 de dezembro de 2007

Passo

Passo passo a passo.
O som de um par de meus passos ecoa através do espaço por uma equação de tempo.
Mas passo.
Os passos passam.
E o som de meus passos passa.

E o silêncio torna a cantar, como um pássaro, para os ouvidos de ninguém.

sexta-feira, 21 de dezembro de 2007

Último

Derradeiro dia
Nada é impossível
Festas, abraços
Saudades e lágrimas

Melancolia eufórica
Todos têm algo a fazer
Todos têm algo a dizer
Nada mais que as mesmas coisas...

Alguns o dia procuram encurtar
Inventam compromissos, não querem ficar
Muitos o mesmo buscam prolongar
Abandonam obrigações, não querem voltar

É chegada a hora
Do tão ansiado descanso
Da mais adiada separação
O inevitável último adeus

domingo, 16 de dezembro de 2007

The air is bitter

the breath is so heavy
Every minute, every time
I'm losing my head

Carve your name in my arm
Destroy me legs and all the rest
You are my world and I'm calm
In me, you are the best

Cause there isn't anything to do
Many starving people, realize
And you know it is true
Many zombies work a lot, recognize

The population commit suicide
And you don't give up staying away
Bust every day you are inside me
There's no other way

Run in the sky
Fly in the sea
Life is an unfair bin
But who said that it is not?

sexta-feira, 7 de dezembro de 2007

comunhão.

Ela decidida. Ele tentava.
- vamos acabar por aqui enquanto ainda tenho lembranças boas nossas!
Ela o convenceu, de que pelo menos ele não a convenceria mais, nao naquele dia. E se foi.
Ela subiu em sua casa, pegou a chave a abriu o primeiro portão, com a chave ainda na mão abriu o segundo portão. Por acaso esqueceu de os fechar, voltou olhando para o chão. Fechou. Voltou correndo e subiu as escadas. Pegou a chave novamente que havia posto no bolso, abriu o portão e a porta, sentou no sofá e deixou os abertos. Chorou. Um choro sentido, de perda, de dor, sabia que tinha feito o certo, mas ela queria o certo? Chorou.
De supetão se levantou, ainda chorando. Entedera por que não os fechara. Abriu os portões rapidamente, e correu. Na parada ele estava sentado no meio fio, ele olhou pra cima e viu lágrimas em rosto. Se levantou e ficou na frente dela. Silêncio... A luz do primeiro post piscava e tocava raul seixas na barraquinha da frente. Passou o ônibus dele, e a nuvem tentava esconder a lua, que insistia em não perder um minuto do que acontecia lá embaixo.
- Eu também não sei viver sem você. - ele diz
ela não diz nada, não precisava. Palavras não eram necessárias. Beijo. Não apenas um beijo, mas uma comunhão, não queriam o certo: queriam um ao outro.
e isso nem o silêncio explicaria.

quarta-feira, 5 de dezembro de 2007

Peixe cru.

Acordava todo dia às 5 da manhã. Olhava pro céu, ainda escuro, criava coragem e enfim levantava, como se estivesse pagando alguma penitência. Tomava banho, se vestia, comia e saía de casa, esperando nada mais do que havia esperado do dia que passou. Tinha um costume que preservava desde criança: olhava pela janela do carro a vida das pessoas, notava os mínimos detalhes, como se vestiam, como andavam, como eram seus olhares, e tentava imaginar a vida delas, casa, comida, filhos, irmãos, paixões, tristezas, amor. Mas ela não conseguia apenas observar, ela queria dar um jeito naquilo, porque ao contrário do que acontece com todos, os problemas dela eram o mesmo que suco de maracujá adoçado, mas os dos outros, ah sim, esses eram os que importavam. Seguia todo dia a mesma rotina, nada mudava, pessoas entravam e saíam, deixando tudo sempre no mesmo lugar, intacto. E ela? Ela chorava, ela sofria, mas sabia que a razão sempre era mais importante, e quanto aos seus sentimentos, que a vida os levasse pra onde quisesse, ela sabia que existiam coisas mais importantes que aquilo. Olhava para os outros não com um olhar de inveja, mas apenas desejando ser daquele jeito, ter uma vida com sal. Só que a vida nem se importava com isso, e que todos os dias fossem sempre os mesmos, sem gosto, sem forma, sem cor, que nem peixe cru.