domingo, 27 de abril de 2008

metafísica do fim de semana

Enquanto a luz da luminária
refletia nos olhos gris,
As palavras soavam caladas
sobrando uma melodia assim:

" O nada é uma palavra
esperando tradução"
E soava como um vício
difícil para a audição

A Coca-cola zero era uma pista:
zero o nada era
e sairia sem ser vista.

As risadas eram vazias
e de nada se preenchia
Mas se nada é tudo
o mundo é um absurdo
surdo e sem estradas

pois uma palavra esperando tradução:
é nada.

quarta-feira, 23 de abril de 2008

Ela negava tudo.

Ela negava o nada. Negava até sua imagem ao espelho, e pra viver, se pintava. Sendo outra pessoa seria mais fácil do que ser ela mesma. A maquiagem era como uma máscara, e lhe protegia das pessoas incompreensivas. Ela era uma pessoa que não se compreendia, e sendo assim, era o não. Procurava o desconhecido. Tentava se encaixar no que ela dizia abstrato. Gostaria de viver não como uma pessoa comum, queria atingir o inatingível. E partia ela, para o infinito de seu infinito. Às vezes se perdia por lá e ficava no escuro por longos dias. Na sua compreensão ela se achava. Se achava na razão; logo enjoava e voltava para outro caminho, o sentimento não-compartilhado.

Mas, se pintava. E ficava diante do espelho tentando se achar. Quando não conseguia achar alma, se despedaçava. Não havia sentido a vida. Era uma viagem pra lugar nenhum. Negava o não. Mesmo em descompasso, ela andava. Caía, se levantava. E nessa dança ela queria atingir a perfeição. Conhecia os passos da dança, não conseguia executá-los. E como uma bailarina que dança num palco escuro, ela se apagava do mundo.

quarta-feira, 16 de abril de 2008

- Boa tarde,

onde eu posso fazer minha identidade?

- Naquele galpão ali fora!

Várias cadeiras simetricamente postas, pessoas e TV. No balcão, duas mulheres fardadas organizavam o fato sem destoar do local. Viu minha certidão de nascimento e minhas fotos:

- Pegue uma ficha e aguarde. Meu número foi 8. Havia vários cartazes em " AVISO AO USUÁRIO"e "SEGUNDO O CÓDIGO PENAL". Todos aparentemente pacientes procuravam algo pra fazer. Poucos conversavam e por alguma coincidência estranha a maioria usava roupa amarela, eu destoava.


Um homem chegou e pediu para que os seguíssemos. Foram uma seção de corredores que passavam por espaços com outras mais pessoas a espero de algo que não sei. Em fila, fomos chamados pelo número da ficha e sentamos em cadeiras congregadas, tão perto: que o mais próximo lia claramente o meu caderno enquanto eu escrevia esta crônica. No menor mexer as cadeiras rangiam, o que nos fazia ficar o mais quieto possível para não ouvir o som irritante.


Depois de algum tempo passaram alguns por nós, se dirigindo a outra sala. Alguns tranquilos,
nervosos, inquietos, porém todos prontos para o incerto. Perguntaram meus dados e assinei uns três papéis incluindo termo de responsabilidade. Fui direcionada a outra sala de espera. O tec tec do computador e as vozes das pessoas que trabalhavam no local era ensurdecedor, se as cadeiras rangessem não seriam escutadas, por isso na sua insignificância elas se calaram.

cansei da cor/foto/cara desse blog.

sábado, 12 de abril de 2008

La lirlo de la lili'

Lirlas la lili'
En ombro de l' nokt'
Mallumas la glaci'
Kaj vekiĝas milda mort'