quarta-feira, 23 de abril de 2008

Ela negava tudo.

Ela negava o nada. Negava até sua imagem ao espelho, e pra viver, se pintava. Sendo outra pessoa seria mais fácil do que ser ela mesma. A maquiagem era como uma máscara, e lhe protegia das pessoas incompreensivas. Ela era uma pessoa que não se compreendia, e sendo assim, era o não. Procurava o desconhecido. Tentava se encaixar no que ela dizia abstrato. Gostaria de viver não como uma pessoa comum, queria atingir o inatingível. E partia ela, para o infinito de seu infinito. Às vezes se perdia por lá e ficava no escuro por longos dias. Na sua compreensão ela se achava. Se achava na razão; logo enjoava e voltava para outro caminho, o sentimento não-compartilhado.

Mas, se pintava. E ficava diante do espelho tentando se achar. Quando não conseguia achar alma, se despedaçava. Não havia sentido a vida. Era uma viagem pra lugar nenhum. Negava o não. Mesmo em descompasso, ela andava. Caía, se levantava. E nessa dança ela queria atingir a perfeição. Conhecia os passos da dança, não conseguia executá-los. E como uma bailarina que dança num palco escuro, ela se apagava do mundo.

3 comentários:

Bruna monteiro disse...

jéssica em palavras. eu sempre achei que ações valem muito mais que palavras, mas o bom do conto, da cronica e dos poemas é que são as palavras agindo. quando tu fala em dança, as palavras dançam, quando tu fala em não se compreender, as palavras se perdem também, elas são o ser. é de tamanha sinceridade que afirmo que é você. talvez não o ser, mas um ser que há em ti. pois só sendo pra poder ser tão sincera.

Ph disse...

Traduzi pro esperanto. *-*

http://www.ipernity.com/blog/46053

Abelardo disse...

olha, esse texto me assusta *-*