terça-feira, 23 de dezembro de 2008

E meus dias não são mais que pó. Cinza das tuas piores horas, eu te passo e repasso em minha mente: onde estão as surpresas antigas? Foi você quem as matou. E agora, o que há para mim? Senão o tempo inesgotável, em que a torneira pinga lenta e ininterruptamente, na cozinha, nos banheiros, nos quartos, na sala. Na minha mente, não há mais nada. só o vazio, o eco dos teus passo, indo embora. Eternamente.

5 comentários:

Bruna monteiro disse...

"Na minha mente, não há mais nada. só o vazio, o eco dos teus passo, indo embora." Por mim o texto terminaria aqui. Não gostei do "Eternamente." Acho mais agoniante o silêncio do que os passos indo embora, seria ensurdecedor e chato. E eternamente é MUITO TEMPO. Pessoas como essas, duram menos tempo que esse MUITO TEMPO. Posso estar sendo fria e cruel, mas eu não ligo. O eterno é algo bem maior que isso, muito mesmo. Não sei se tenho o eterno em mim, gostaria de ter e me seguro o máximo para guardar, mas não isso, não esse pó, não essa cinza. Isso, isso eu faço questão de jogar fora. Falando assim, parece até que tenho controle de mim, não, não tenho. Mas há certas coisas, que conseguimos ao menos, escolher por onde guiar.

Jão disse...

Alguma ligação com Cinza das Horas de Manuel Bandeira?
Ahhh, bastante melancólico, achei que o eternamente deu exatamente o ponto de angústia extrema no texto. Se bem que eu não acho que muita coisa seja eterna...
E que uma pessoa nessa situação deveria tentar mudá-la por amor próprio, eternidade como essa seria castigo.
OBS: Não são críticas à autora, mas ao seu eu lírico (espero!)

P.S: Gostei do poema, poucos sabem descrever angústia.

Bruna monteiro disse...

eu não gostei do título, mas como não tenho sugestão melhor, deixemos em off.
-q

fernanda disse...

aohsoahsoahso
ok, mas pode criticar a autora se quiser, ela não fica chateada =)

e, bruna, esse título é horrível, mesmo! e nem era o título, era pra ser uma tag que eu anotei lá em cima pra não esquecer e esqueci :~

Ph disse...

"...a torneira pinga lenta e ininterruptamente"
a imagem é perfeita. a sonoridade arrepia nessa parte.

..."a Torneira Pinga lenTa e ininTerruPTamenTe" as consoantes oclusivas ecoam como os pingos.

Parabéns pelo texto, fernanda!
A gente lê e volta pra ler de novo de tão bonito.

Parece que a gente podia parar pra ouvir cada palavra falar de novo na cabeça da gente. Pra sempre. Eternamente.