segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

fragmentos.

"Eu não dei por esta mudança,
tão simples, tão certa, tão fácil:
— Em que espelho ficou perdida minha face?"

Retrato - Cecília Meireles.

Eu estava no meio do paço alfândega, no meu ouvido soavam guitarras fortes que constratavam com a voz suave de Fernanda Takai, pessoas passavam apressadas. Elas riam, e eu olhava cada sorisso como se nunca tivesse visto um antes, olhava cada expressão, olhava nos olhos delas, profudamente, como se entendesse algo do visse, não entendia. As pessoas são extremamente comuns, acredite. E por ser tão comum é que são fantásticas. A cada sete anos nós trocamos de pele completamente. Apesar disso nossa essência é a mesma, o nosso verdadeiro eu. Como numa dança muda, que as pessoas não percebem por falta de som, as pessoas ali, estavam transcedendo, transfigurando, enternecendo tudo diante dos meus olhos. E eu ia me encantando com toda aquela (mu)dança preenchida de silêncio e vivacidade.Das minhas maiores essências, te apresento a mais pura e complexa, e assim, apresento a mim mesma. Por mais tempo que se conviva com alguém, sempre haverá algo intocável, inatingível. E esse é o segredo de se conviver tanto tempo com uma pessoa, sempre haverá algo a se descobrir, algo para se encantar.



7 comentários:

fernanda disse...

é que o tempo escorre pela gente e precisa esperar pra ver o que fica e o que se foi :~

Anônimo disse...

Parabéns pela capacidade de transcrever as situações, concerteza você vai longe!

Bruna monteiro disse...

ah, valeu Carlos! :]

Maira Baracho disse...

gosto do que tu escreve :)

Abelardo disse...

que texto lindo. você não mudou nada.

Thaís Cavalcanti disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Thaís Cavalcanti disse...

engraçado que, quando pequenos, somos puramente e complexamente tão mais nós. daí quando a gente cresce, ficamos simples e aí que entramos com essa complexidade desnecessária bem teimosa...

à propósito, você era um charme e cordialidade de bebê, e seu texto igualmente charmoso! =*